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Alergia alimentar e sua relação com o intestino

Alergia alimentar e sua relação com o intestino

Se depois de comer você tem algum sintoma como dor abdominal, diarreia, coceira, espirros, coriza, vermelhidão na pele, sensação de desmaio ou tontura, você pode estar passando por um quadro de alergia alimentar (AA).

A alergia é uma resposta excessiva do sistema imunológico contra algumas substâncias que entram no organismo. E, no caso das alimentares, o intestino pode ser o responsável por essa reação.

Vou explicar melhor como isso acontece aqui nesse post. Leia até o final!

Diferenças entre alergias e intolerâncias

Antes de falarmos mais sobre essa relação entre alergia e intestino, precisamos entender quais são as diferenças entre as AAs e as intolerâncias.

A alergia alimentar é uma reação exagerada do sistema imunológico contra algum alimento ingerido. Os sintomas geralmente são sentidos entre alguns minutos e a horas depois da exposição à substância alérgena.

Essas manifestações podem ser leves, como desconfortos e distensão abdominal, diarreia ou vômito, ou mais graves, quando envolvem o sistema respiratório.

Você já deve ter visto aquela cena clássica de filme em que o personagem tem alergia a algum alimento e acaba com inchaço nos lábios e dificuldade para respirar. Isso se chama choque anafilático e pode ser fatal se não for tratado a tempo.

Já as intolerâncias são mais brandas e não causam risco de vida. Elas são causadas pela falta de algumas enzimas que ajudam a digerir alguns nutrientes e resultam em dores abdominais, diarreia e enxaqueca. Os sintomas geralmente começam a aparecer horas após a ingestão do alimento e podem durar alguns dias.

Como as manifestações das duas condições são bem parecidas, é bastante importante buscar ajuda médica para ter uma diagnóstico preciso e fazer o tratamento correto.

Como o intestino interfere na alergia alimentar

O intestino é um órgão fundamental para o nosso bem-estar, e uma de suas muitas funções é absorver os nutrientes dos alimentos no organismo. Isso é feito através das vilosidades (são pregas na superfície da célula intestinal) e também pelas milhares de bactérias que habitam essa região.

A maioria desses microrganismos é benéfica para a nossa saúde. Porém, é possível que haja uma proliferação de bactérias agressoras, causando um desequilíbrio na microbiota. Nós chamamos esse fenômeno de disbiose.

Mas o que isso tem a ver com a alergia?

Bom, o nosso microbioma desempenha um papel importante no desenvolvimento do sistema imunológico, já que 70% das nossas células imunes estão no intestino. Quanto mais bactérias boas habitam o órgão, mais “forte” a nossa imunidade se torna.

Lembra que eu disse que a alergia é uma reação exagerada do sistema imunológico? Uma das funções da microbiota equilibrada é produzir enzimas para quebrar os antígenos presentes na alimentação (nutrientes) e impedir que eles sejam nocivos para o corpo. Para ela acontecer, esses antígenos, precisam ser absorvidos pelo trato gastrointestinal, que então produz uma resposta imunológica do tipo alergia.

Outra possível causa para o problema é a síndrome do intestino permeável (leaky gut). Em um intestino saudável, as células ficam bem grudadinhas, impedindo a entrada de microrganismos, toxinas e certas proteínas alimentares.

Os pacientes com a síndrome têm uma espécie de vazamento entre essas células, permitindo a entrada na corrente sanguínea de várias toxinas e proteínas alimentares que não são reconhecidas pelo sistema imune, o que pode provocar processos inflamatórios no organismo, fazendo com que ele reaja de forma exacerbada às proteínas da nossa própria alimentação.

Fatores que impactam na microbiota

Alguns estudos recentes mostraram fatores interessantes que impactam na microbiota e, consequentemente, no desenvolvimento de alergias alimentares.

Estima-se que 6 a 8% das crianças com menos de 3 anos tenham algum tipo de AA. Entre os adultos, esse percentual cai para 2 a 3%. E a explicação para isso pode estar nos nossos primeiros anos de vida.

Primeiramente, temos o fator genético, já que a mãe transfere microrganismos para o bebê desde a gravidez. Logo depois vem o parto, que também é um fator determinante: crianças nascidas de parto normal costumam ter mais bactérias benéficas do que as nascidas por cesariana.

Em seguida, a amamentação também desempenha um papel importante na saúde intestinal do bebê. O leite materno contém algumas bactérias probióticas naturais, que ajudam no desenvolvimento de uma microbiota equilibrada.

Outro fator que pode estar relacionado ao surgimento de uma alergia alimentar é o uso de antibióticos. Isso porque esse tipo de medicamento pode modificar a composição das bactérias intestinais, causando uma disbiose.

 

Tratando a alergia alimentar

Infelizmente, não existe nenhum medicamento para prevenir a alergia alimentar, apenas tratar dos seus sintomas.

O mais indicado é que o paciente evite os alimentos que podem desencadear uma crise. Isso é muito individual e necessita dos exames específicos para uma correta avaliação. Os mais comuns são:

  • ovo
  • cereais (como milho e aveia)
  • oleaginosas (como amendoim e castanha)
  • frutos do mar
  • soja
  • trigo
  • leite de vaca

Mas, dependendo da gravidade das reações, além da retirada do alimento desencadeante, é possível fazer um tratamento à base de anti-histamínicos ou corticoides. O tratamento visando restaurar o equilíbrio da microbiota e a integridade da barreira intestinal, são essenciais nesses casos.

Ficou com alguma dúvida? Agende uma consulta para que possamos conversar melhor sobre o assunto!

Dra. Flávia Solano – Gastroenterologista

Dra. Flávia Solano – Gastroenterologista

CRM 13331 | RQE 8986

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