A doença celíaca é uma doença autoimune que se caracteriza pela reação alterada do sistema imunológico provocada pelo consumo do glúten. A mucosa do intestino delgado é afetada, prejudicando a absorção de nutrientes.
Poucos sabem que a doença celíaca é uma doença sistêmica, ou seja, envolve não só o intestino, mas também múltiplos órgãos e tecidos.
Sabe-se que a maioria dos pacientes não apresenta os sintomas clássicos da doença. É por isso que especialistas costumam chamar a doença celíaca de “camaleão da medicina”.
As manifestações da doença celíaca são muito variáveis. O diagnóstico exige uma avaliação profissional atenta na investigação clínica dos pacientes.
Pode ter origem genética e pode aparecer em qualquer idade, desde a infância até depois dos 60 anos.
Sintomas da doença celíaca
Os sintomas clássicos da doença celíaca são dores abdominais, diarreia, inchaço na barriga e gases. O paciente também pode apresentar deficiência de vitaminas, osteoporose precoce, emagrecimento, desnutrição, entre outros.
No entanto, existe uma série de sinais no paciente celíaco que são consequências ou estão relacionados à doença. São eles:
Neurológicos: neuropatia, ataxia, epilepsia, demência, prejuízo cognitivo.
Músculo-esquelético: miosite, artrite, osteopenia, osteoporose, fraturas.
Ginecológicos: infertilidade, abortos de repetição, prematuridade, amenorreia.
Oro-dentais: aftas de repetição, displasia do esmalte dentário.
Sangue: anemia, trombocitose, trombocitopenia, leucopenia, hipercoagulabilidade.
Endócrinos: baixa estatura, diabetes tipo 1, obesidade.
Psiquiátricos: depressão, ansiedade, risco de suicídio.
Pele: dermatite atópica, psoríase, urticária, dermatite herpetiforme, alopecia.
Outros: asma, atrofia do baço, esplenomegalia, linfoma, adenocarcinoma, insuficiência cardíaca, cardiomiopatia dilatada, arritmia.
Existem três variações do desenvolvimento da doença celíaca, que chamamos de “iceberg da doença celíaca”. Os 70% que estão na base do iceberg não apresentam sintomas clássicos, mas têm predisposição genética ou alterações na biópsia que podem ser desencadeadas pelo consumo do glúten. Apenas 30% demonstram os sinais mais conhecidos.
Para o diagnóstico da doença celíaca são realizadas análise clínica e exames, como a biópsia ou o teste de anticorpos (sorológico).
Tratamento para doença celíaca
O tratamento para a doença celíaca é eliminar o glúten da alimentação.
Existe o desafio da contaminação cruzada, ou seja, mesmo que um alimento não tenha glúten em sua composição, pode conter traços da proteína, o que prejudica a pessoa celíaca.
O paciente precisa buscar locais seguros, com produtos sem glúten e isentos de contaminação. O cuidado para evitar contaminação vai desde a origem ao armazenamento passando pelo transporte, a higiene e a manipulação.
Existe um medicamento em teste nos EUA, o Acetato de Larazotide, que está sendo testado para reduzir a permeabilidade intestinal e estreitar as junções das células do intestino delgado. Sendo assim, o glúten não escapa para corrente sanguínea, o que evita a resposta autoimune.
Existem outras medicações em teste, como o PRV-015, latiglutenase, TAK-101, ZED-1227, AGY-010. No entanto, ainda não estão disponíveis.